Em um primeiro contato com o tema do filme, ou seja, o uso de seres para satisfazer os interesses de outros de diversas formas, que é retratado na obra através do destino das crianças de Hailsham, que são clones que nascem com o propósito de doarem seus órgãos, pode soar como uma ficção científica e com nenhuma probabilidade de acontecer. Mas se formos pensar um pouco mais a fundo, pode-se relacionar os fatos do filme com muitos fatos que ocorreram e ocorrem em nosso Mundo.
Como exemplo primordial temos o comércio de órgãos humanos, que na maioria dos países é uma prática ilegal (com exceção do Irã), que se tornou um business e faz circular milhões de dólares em todo o planeta, principalmente em países pobres, aonde indivíduos em situações precárias estão dispostos a ceder um rim, um pedaço de fígado, uma córnea ou até mesmo um pedaço do intestino por apensar um punhado de dólares.
Os traficantes de órgãos operam de várias maneiras: as vítimas podem ser sequestradas e forçadas a desistir de um órgão; algumas, por desespero, concordam em vender um órgão; ou são enganadas ao acreditar que precisam de uma operação cirúrgica e o órgão é removido sem o seu conhecimento. Algumas vítimas podem até ser assassinadas.
Cerca de 5% dos órgãos utilizados em transplantes provêm do mercado negro, com um volume de negócios estimado entre 600 milhões e 1,2 bilhão de dólares.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), os pacientes que se submetem a um transplante ilegal correm um duplo risco: antes de tudo pelas condições sanitárias nas quais, quase sempre, são efetuadas essas intervenções; depois, pelas escassas garantias sobre o estado de saúde dos órgãos transplantados, que podem ser veículo de infecções e de várias doenças, tais como o HIV e a hepatite.
Comércio de Rim.
Os países com maior número de venda de rins são a Índia e o Paquistão onde, segundo dados da OMS a cada ano pelo menos duas mil pessoas vendem seus próprios órgãos. Existem nesses países organizações especializadas no turismo dos transplantes, aonde essas se encarregam de colocar em contato o doador e o comprador do órgão e organizam as intervenções em hospitais e clínicas localizadas em países do Extremo Oriente e outras situadas no Hemisférios Sul. Os preços podem varias segundo a sua procedência: de $20.000 por um rim indiano a $160.000 por um rim Israelita. Para o doador do órgão é pago, em média, não mais que $1.000.
Prisioneiros Chineses.
Segundo a própria OMS, na China os órgãos são obtidos através dos prisioneiros condenados à morte (12 mil rins e 900 fígados apenas em 2005). Esses órgãos foram vendidos a preços elevados a outros cidadãos chineses que possuem recursos para tal ou a estrangeiros que estão dispostos a desembolsar uma grande quantia para não ter de esperar numa fila de doações legais, que podem levar um bom tempo. No mercado Chinês é possível comprar um rim por $60.000, e também um pâncreas, um coração ou até um pulmão por cerca de $150.000. O governo de Pequim proibiu a retirada de órgãos de condenados, mas essa proibição só entrará em vigor em 2017.
Irã e a legalidade.
O Irã é o único país do Mundo em que a legislação permite o comércio de órgãos, aonde a prática de vender um dos rins para lucro é legal: por ano, 1400 pessoas oferecem seus rins legalmente no mercado. Os valores pagos ao doador variam, mas os valores médio são $1200. Devido à legalidade, atualmente o Irã não tem listas de espera para transplantes renal.