APRESENTAÇÃO

Primeiramente, estamos disponibilizando abaixo os slides da nossa apresentação, para o caso de alguém ter o interesse no mesmo.

Segundo, gostariamos de agradecer a todos que compareceram para assistir e debater conosco em nossa apresentação. Portanto, muito obrigado e boa sorte!

Ética

 

Na ficção…

O filme explora diversas questões éticas, filosóficas e morais, independentemente de tratar-se de uma ficção científica há elementos que também existem em nossa sociedade, sendo indispensável seu debate.
Através de sua narrativa linear, “Não Me Abandone Jamais” ilustra a melancólica e breve vida de clones de pessoas que nasceram somente com a função de serem doadores de órgãos. Levanta-se questões sobre moralidade e humanidade, uma vez que humanos criados em laboratórios, apesar de compartilharem das mesmas experiências psicológicas e características de qualquer outro ser humano, são privados de sua própria autonomia em relação ao seu próprio destino, e nesta apática perspectiva de vida os “clones” ocultam o seu destino, sem saída em meio a uma sociedade que defende esse sistema moral e suas conseqüências.
É possível analisar a sociedade do filme como distópico na radical falha da teoria utilitarista, que visa maximizar o “bem-estar”, ou seja, os clones foram criados para doarem seus órgãos para enfermos em um esforço de aumentar o “bem-estar” social e sua longevidade, a custo de outros seres humanos.
A partir da premissa de que os clones humanos possuem personalidade (ou alma), torna-se anti-ético a “doação” de órgãos com tais propósitos já que indiretamente resultaria na morte dos clones.
A clonagem humana geraria confusão de identidade entre clones e os tidos como originais

Na realidade…
https://i0.wp.com/blog.comshalom.org/carmadelio/wp-content/uploads/sites/2/2013/10/hitler-ideal-nazista-mobilizacao-uma-nacao-em-torno-um-governo-totalitario-1318856952.jpg  Há diversos exemplos históricos da exploração de seres humanos em detrimento de outros, em uma pragmatismo egoísta, como a escravidão. Em um exemplo do século XX temos o uso de seres humanos em testes laboratoriais durante a Segunda Guerra Mundial. Judeus, ciganos e outra etnias julgadas como inferiores foram usadas pelos nazistas em pesquisas cientificas de cunho biomédico, culminando na morte de milhares de pessoas.
Posteriormente, no final da Segunda Guerra, foi realizado os julgamentos de Nuremberg que entre outros aspectos definiu códigos éticos que regem a pesquisa científica relacionada a seres humanos na medicina.
Conclui-se que apesar da produção cinematográfica trata-se de uma ficção-científica, a realidade social mostrada no filme é plausível em determinados aspectos diante de eventos já presenciados na história da humanidade.

O conhecimento de que todos os alunos de Hailsham nasciam e cresciam com o único propósito de que quando adultos doassem seus órgãos só nos é apresentado no meio da trama, e isso acontece somente quando entra uma nova tutora para a 4ª série, a Miss Lucy (Sally Hawkins), que acreditava que todas as crianças tinham o direito de saber o motivo de estarem ali.
O que acontece após a descoberta das crianças sobre seus destinos é que pode levantar questionamentos, pois mesmo sabendo que haviam nascido somente para doar seus órgãos para outros seres, nada mudou. Ou seja, todos os alunos aceitaram seus destinos sem ao menos relutarem contra essa situação que já lhes eram imposta antes mesmo de nascerem. Podemos ver ainda mais claramente que as crianças aceitaram essa opinião quando se passa o tempo no filme, ou seja, eles crescem, se tornam adultos, e nada muda quanto suas atitudes. Os ex-alunos de Hailsham continuavam a aceitar sem questionamentos seus destinos, sem tentar fugir nem mudar todo o contexto em que viviam.
Nada podemos afirmar, mas nos parece que a aceitação se deve graças a idade em que tinham (eram crianças ainda) quando receberam a notícia, ou seja, houve tempo para que os educadores de Hailsham os mostrassem que aquilo era o certo, e as fazendo acreditar de que aquilo era o melhor para eles. Há na sociedade a crença de que as crianças acreditam em tudo que lhes é dito, pelo fato de ainda não terem a visão do Mundo construída. Os estudantes de Hailsham não podiam criar uma visão diferente da que criaram, ou seja, de lutarem para terem suas próprias escolhas e não servirem aos outros, porque não havia ninguém ao redor para lhes mostrar que isso era possível, pois conviviam somente com pessoas que tinham o mesmo destino ou pessoas que lhes diziam que aquele era o único caminho possível.
Podemos concluir que, as pessoas são em sua essência aquilo que lhes foi passado em suas infâncias, as experiências que tiveram e os exemplos que puderam vivenciar.

Perspectiva Fotográfica

Ambientado em um passado ficcional o filme “Never Let Me Go” ´´e classificado como filme de ficção cientifica (sci-fi) distópica, compartilhando poucas similaridades com filmes do mesmo gênero como “A Ilha” e “Fahrenheit 451” devido a elementos de sua fotografia e ausência elementos hiper futurísticos.

A historia dos três personagens, que protagonizam a um triângulo amoroso, e foram criados cientificamente em laboratório para fornecer os seus órgãos a pacientes e viver uma vida curta, serve de plano de fundo para o diretor de fotografia Adam Kimmel fazer uso de uma paleta de cores pouco vibrantes com predominância de cores pasteis, alternando cenas com ambientes claros e escuros, propositalmente escolhidos para transmitir uma atmosfera apática e melancólica, juntamente com vintagismo no figurino, cenário, trilha sonora e produção cinematográfica geral.

Mercado De Órgãos

https://i0.wp.com/www.humoritando.com/wp-content/uploads/2013/09/J%C3%A1-pensou-em-vender-um-de-seus-%C3%B3rg%C3%A3os.jpgEm um primeiro contato com o tema do filme, ou seja, o uso de seres para satisfazer os interesses de outros de diversas formas, que é retratado na obra através do destino das crianças de Hailsham, que são clones que nascem com o propósito de doarem seus órgãos, pode soar como uma ficção científica e com nenhuma probabilidade de acontecer. Mas se formos pensar um pouco mais a fundo, pode-se relacionar os fatos do filme com muitos fatos que ocorreram e ocorrem em nosso Mundo.
Como exemplo primordial temos o comércio de órgãos humanos, que na maioria dos países é uma prática ilegal (com exceção do Irã), que se tornou um business e  faz circular milhões de dólares em todo o planeta, principalmente em países pobres, aonde indivíduos em situações precárias estão dispostos a ceder um rim, um pedaço de fígado, uma córnea ou até mesmo um pedaço do intestino por apensar um punhado de dólares.
Os traficantes de órgãos operam de várias maneiras: as vítimas podem ser sequestradas e forçadas a desistir de um órgão; algumas, por desespero, concordam em vender um órgão; ou são enganadas ao acreditar que precisam de uma operação cirúrgica e o órgão é removido sem o seu conhecimento. Algumas vítimas podem até ser assassinadas.
Cerca de 5% dos órgãos utilizados em transplantes provêm do mercado negro, com um volume de negócios estimado entre 600 milhões e 1,2 bilhão de dólares.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), os pacientes que se submetem a um transplante ilegal correm um duplo risco: antes de tudo pelas condições sanitárias nas quais, quase sempre, são efetuadas essas intervenções; depois, pelas escassas garantias sobre o estado de saúde dos órgãos transplantados, que podem ser veículo de infecções e de várias doenças, tais como o HIV e a hepatite.

Comércio de Rim.

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Os países com maior número de venda de rins são a Índia e o Paquistão onde, segundo dados da OMS a cada ano pelo menos duas mil pessoas vendem seus próprios órgãos. Existem nesses países organizações especializadas no turismo dos transplantes, aonde essas se encarregam de colocar em contato o doador e o comprador do órgão e organizam as intervenções em hospitais e clínicas localizadas em países do Extremo Oriente e outras situadas no Hemisférios Sul. Os preços podem varias segundo a sua procedência: de $20.000 por um rim indiano a $160.000 por um rim Israelita. Para o doador do órgão é pago, em média, não mais que $1.000.

Prisioneiros Chineses.

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Segundo a própria OMS, na China os órgãos são obtidos através dos prisioneiros condenados à morte (12 mil rins e 900 fígados apenas em 2005). Esses órgãos foram vendidos a preços elevados a outros cidadãos chineses que possuem recursos para tal ou a estrangeiros que estão dispostos a desembolsar uma grande quantia para não ter de esperar numa fila de doações legais, que podem levar um bom tempo. No mercado Chinês é possível comprar um rim por $60.000, e também um pâncreas, um coração ou até um pulmão por cerca de $150.000. O governo de Pequim proibiu a retirada de órgãos de condenados, mas essa proibição só entrará em vigor em 2017.

Irã e a legalidade.

O Irã é o único país do Mundo em que a legislação permite o comércio de órgãos, aonde a prática de vender um dos rins para lucro é legal: por ano, 1400 pessoas oferecem seus rins legalmente no mercado. Os valores pagos ao doador variam, mas os valores médio são $1200. Devido à legalidade, atualmente o Irã não tem listas de espera para transplantes renal.

Órgãos Artificiais

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Outro tema relacionado ao que o filme aborda, e que vêm ganhando destaque, é o desenvolvimento de órgãos artificiais, que nada mais são que órgãos produzidos em laboratórios e que imitam o funcionamento de órgãos humanos, e podem substitui-los em caso de problemas funcionais ou doenças.

Já existem casos de pacientes transplantados com órgãos artificiais, inclusive coração artificial. No mundo, mais de 1,2 mil pessoas vivem com um coração desses, que é alimentado por baterias externas, porém é apenas uma solução temporária enquanto aguardam por um coração natural compatível, pois apesar dos avanços tecnológicos, esses órgãos ainda estão sujeitos a riscos como a rejeição por parte do paciente.

Seguem alguns links de matérias sobre o tema:
Transplante com órgãos artificiais ainda é realidade distante.
Órgãos Biônicos.
Cientista constrói homem biônico com membros e órgãos artificiais.

A História

Em 1952, desenvolveu-se a cura para todas as doenças. E em 1967 a expectativa de vida é de 100 anos. Estas informações se destacam logo nos letreiros iniciais de Não Me Abandone Jamais. É acreditar ou não. É embarcar na premissa e apreciar um belíssimo filme, ou questionar e fechar o coração.
Tudo gira em torno de três crianças/jovens que estudam numa tradicionalíssima escola inglesa: Ruth, Kathy e Tommy, interpretados respectivamente por Carey Mullingan, Keira Knightley e Andrew Garfield quando chegam à idade adulta. O lugar é administrado com rigor pela diretora Emily (Charlotte Rampling). Quando uma nova professora, mais jovem, chega à escola com ideias menos convencionais e lhes contam seus verdadeiros destinos, ou seja, de que nasceram somente para crescer e doar seus órgãos.
Joga-se com a ideia de que os “piores” estão aqui somente para servir os “melhores”. E quem definiria esta escala de valores? Nossos ancestrais. Quem é, de acordo com a personagem Ruth, “moldado pela escória”, não tem escolha
De passagem, o filme ainda abre um novo viés de discussão sobre a inutilidade da arte que, segundo a diretora Emily, serviria apenas para verificarmos se existe alma ou não.
Fonte: CineClick

Trailer:

Livro vs Filme

https://i0.wp.com/bombsite.com/images/attachments/0003/2278/Ishiguro01_body.jpgO filme por nós analisado retrata a obra literária de Kazuo Ishiguro (Nagasaki, Japão, 8 de novembro de 1954) publicado oficialmente em 2005 e também denominado “Não Me Abandone Jamais” (“Never Let Me Go”).
O título dado a obra deriva de um trecho da música denominada “Songs For The Dark” e criada especialmente para o filme, interpretado por uma cantora fictícia de nome Judy Bridgewater, em que o trecho diz “Baby, não me abandone jamais” (“Baby, never let me go”).

Ouça ao som no vídeo abaixo:

Filme: Não me abandone jamais

https://i0.wp.com/blogs.ubc.ca/crashtalk/files/2011/01/never-let-me-go-xlg.jpgO filme se caracteriza por ser um drama ético, daqueles que te fazem pensar se é certo ou errado fazer aquilo, mas vai além, mostra a vida com uma outra ótica, a de que nascemos, crescemos e morremos em um objetivo, afinal qual o objetivo da vida, isso é o que este filme te faz pensar.
No filme clones são criados em escolas rígidas para crescerem e doarem órgãos para outros seres humanos, e no meio desse drama ainda tem espaço para um triangulo amoroso que convive com a expectativa de poder adiar as suas doações.